dividiesoma

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Dança do tempo

O corpo hesitante,
pronto pra cair...
Cair por entre todos os espinhos,
se afogando em lágrimas;
abafando todos os sorrisos...
Era o impulso que a vida lhe dava,
impulso repulso...
Estava se entregando,
estava cansada...
A felicidade a repelia,
a alegria dela se escondia...
Sua face há tempos não se fazia corada...
Mas ele a tomou em seus braços e com ela dançou...
A rodopiava sem parar...
E quanto mais girava,
mais alto se ouvia as gargalhadas estridentes
que latejavam nos ouvidos do silêncio...
Mais seu coração palpitava
e a esperança se fazia no brilho do seu olhar;
brilho esse que ofuscava os olhos da escuridão que a acompanhava...
Se fez sublime,
seus pés não mais pesavam;
não mais sentia o peso das correntes que a prendiam ao seu passado...
Por um momento parou.
Olhou para os lados e suspirou...
Estava sozinha e livre das amarras...

O tempo passou e simplesmente levou...

ensaiar sem estrear

a nossa vida pode ser uma grande peça de teatro, mas apenas nos seus bastidores, onde ensaiamos a vida toda e nunca estreamos e algumas vezes que esboçamos um estrea pode ser prematuro ou maduro demais.
podemos pegar por exemplo o amor, as vezes achamos que estamos prematuro para chegar em alguém e dizemos que há amamos, possa até ser que algumas crianças desse século pensem como é idiota o autor do texto e que os tempos agora são outros, ai criamos e ensaiamos os mais sinistros discursos, cenas e conflitos. conflitos esses que, idealizadamente, culmina no climax da realização do nosso amor.
para garantir ensaiamos e ensaiamos todos possíveis e imagináveis conflitos e depois de muito ensaio percebemos que o que nos sobrou daquilo tudo foi um bocado de monotonia e que o desenvolvimento dessa nossa peça teatral está ultrapassado, cacofônico e tudo que faça a referência a "não serve mais para nada", nem para nós mesmo.
a hora de sabermos ou tentarmos estrear é complicada, pois somos autor, ator, diretor, sonoplasta, figurinista e muitas vezes somos platéia. no meio dessa confusão toda quem é que tem organização para estrear alguma coisa.
mas nem tudo está perdido, pois como autor podemos nos conhecer um pouco mais a cada dia; como ator podemos sonhar; o diretor é um misto do real e o imaginável; sonosplasta serve para o arranjo entre a nossa solidão em está só e a nossa solidão no meio de todos; como figurinista podemos mentir para nós mesmo; mas como nem tudo é perfeito, como platéia vem o nosso censo crítico e isso as vezes "dói pra caralho".

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

libido

em todo libido existe um resto de desejo e dor.
seja em uma bituca de cigarro, onde o prazer se confunde com o vício e o câncer.
na lembrança de um beijo, onde junto com a lembrança daquele momento vem a saudade de alguém.
no libido a aflição se confunde com gosto de "quero mais".
seja em um vício miserável ou em uma lágrima louvando a solidão.
em alguns libidos o rancor se funde o rancor com o ódio, com a nostalgia, com o auto masoquismo.
o libido é como um cicatriz feita por um pedaço de vidro que restou de uma janela, quebrada por um pedaço de pedra, que foi jogada pelos motivos de nossas lembranças... confuso né?! mas é assim mesmo.
e para piorar a dor física é infinitamente inferior a dor mental e mesmo depois do corte curar fisicamente parece que a cicatriz todos os dias renova essa dor de pensamento.
o libido é como "cem anos de solidão" do Gabriel Garcia marques...quando a gente pensa que está tudo superado e dando certo começa tudo outra vez em apenas um sorriso. então faça-me um favor, não sorria para mim.

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

charge letrado

quem não sabe desenhar apela para a imaginação alheia.
charge letrado de um usuário:

fritar: nada mais é do que o seu corpo tentar em fusão com tudo que tem contato, inclusive o ar.

brisar: é sorrir de qualquer situação, inclusive o silêncio.

viajar: é sentir o chão como um imenso colchão macio.

embriagar: é andar em uma larga avenida como se fosse um estreito beco, onde é impossível passar sem encostar nos dois lados.

noiar: querer sentir todas as sensações juntas mesmo tomando um copo de água mineral.

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

VOLÚPIA

Me perco em suas mãos percorrendo meu corpo,
na sede que te acomete ;
na vontade de ser a água que lhe sacia ...
Meu corpo some por entre sua boca que me consome...
Nos despimos sem pudor,
fustigados em saciar nossas vontades,
nossos desejos...
A libido à flor da pele nos tira a sanidade...
É impossível distinguir dois corpos,
somos feitos de um único gemido...

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

sorrir e chorar a dor e alegria de uma lágrima

um pouco de sentimento, mesmo que dúbio
cigarro e cocaína
nostalgia e idealismo
um copo de cerveja e mais cocaína
se arrepender de um monte de coisa e sorrir de outras
mais um cigarro.

escrever um poema falando de amor, mesmo que seja pura enganação de si mesmo
lembrar de quantos e quantos bilhetes escritos e a grande maioria nunca enviado
rasgar mais algumas cartas ainda restante e tentar dormir.

o seu corpo exalando cocaína e seu coração produzindo adrenalina como se estivesse pulando de um avião
quando desistir de dormir, liga para seu vizinho que mora no apartamento do lado e pede mais cocaína
resume sua noite entre a loucura da cocaína e seu idealismo doentio...
numa manhã dessa alguém o acha morto por "over dose".